quarta-feira, novembro 10, 2010

Resenha do filme: Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro

Disciplina: Gêneros Jornalísticos Opinativos

O AUTOR:
A partir de muita pesquisa e de boa vontade dos parceiros, o diretor José Padilha e o roteirista Bráulio Mantovani construíram uma história atual, baseada em fatos reais que se misturam com a história fictícia do protagonista Coronel Nascimento, da sua família, e de seus amigos, para falar da realidade sócio-política do Brasil através do cinema.

O FILME:
Agora o Capitão Nascimento está mais maduro, mais experiente e mais de dez anos mais velho. Ele volta às telas com a patente de Tenente-Coronel Nascimento, que continua com intensos conflitos profissionais, sociais e familiares. Desta vez, tudo parece em escala gigantesca, a começar pela rebelião na Penitenciária de Bangu 1, seguida de uma armação sem precedentes, que afasta o Coronel Nascimento do comando do BOPE. Durante uma pequena manifestação popular em um restaurante, muda totalmente a decisão tomada por seus superiores. E ele é nomeado como Sub Secretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, e descobre que o buraco é muito mais embaixo do que qualquer cidadão possa imaginar. O Sistema torna-se um abismo que engole tudo e todos que tentem desafiá-lo. Menos o nosso herói ou anti-herói Coronel Nascimento, que mesmo tendo como seu principal arque inimigo, o então sociólogo Fraga, que por ironia do destino é o atual marido de sua ex-esposa e que divide a criação de seu único filho, Rafael em fase adolescente e questiona os mandos ou desmandos do pai biológico, o temido Coronel Nascimento, com uma questão extremamente marcante: “- Pai, por que você mata as pessoas?” Esta pergunta atormenta o sono e a vida dele durante muitos anos e, ao final da trama, é ponto determinante para a principal tomada de decisão do Coronel Nascimento. Enquanto isso, nas favelas do Rio de Janeiro, o sistema se reinventa e descobre como lucrar sem o intermédio do tráfico. Desta vez entram em sena os policiais ainda mais corruptos que no filme Tropa de Elite, de 2005, agora eles atuam além dos limites do quartel, formulando ações ilícitas das milícias com o Estado. E, bem no meio deste cenário caótico, uma jovem jornalista e um fotógrafo pagam o preço muito alto por essa descoberta, que acaba por ser o estopim de uma severa crise política e denúncias da corrupção por todos os lados. Neste momento a atuação do Coronel Nascimento é precisa e impiedosa, com over doses de justiça a qualquer preço, diante dos inocentes, como, seus amigos, dos profissionais no exercício da profissão e de seu filho, que vão “as vias de fato”, chegando ao sacrifício corporal. Ele coloca a prova toda sua experiência, e promove uma emocionante sequencia de acerto de contas. Vale à pena conferir.

OS ATORES:
Sobre os atores há grandes atuações, entre elas a de André Mattos, que faz seu apresentador e deputado Fortunato com muito humor e convence com força de interpretação remetendo ao apresentador José Luiz Datena. Milhem Cortaz aparece menos nesta sequencia, mesmo assim, novamente dá um show como o corrupto Capitão Fábio. Irandhir Santos é uma maravilhosa surpresa, e Seu Jorge vale cada um dos poucos momentos em que aparece. Também há dois grandes destaques, um para Wagner Moura, obviamente, por mostrar mais uma vez, que é um dos maiores atores em atividade no país. Todas as cenas são fantásticas, com o valente Tenente Coronel Nascimento, muito mais exaltadas na defesa de seus ideais, sejam como pai, em duas cenas de luta marcial que ele divide com o filho Rafael, na infância e na adolescência, e traduz uma forma de diálogo, de descoberta, de aceitação, e pasmem, de carinho e respeito entre pai e filho, que é muito emocionante mesmo, e nas cenas de pura ação e descoberta da corrupção, tão bem narradas por ele mesmo. Mas, a justiça seja feita, em destacar o pouco conhecido Sandro Rocha, também fantástico como Russo com o bordão “Cada cachorro que lamba sua caceta”, roubando todas as cenas e para lembrar no filme Tropa de Elite, ele sai com a máxima de “quem quer rir tem que fazer rir”.

COMENTÁRIO FINAL:
O mais difícil é sair do filme pensando que a realidade pode ser ainda pior, e que tudo que sempre quis entender sobre o que acontece quando os políticos idealistas chegam ao Planalto Central e sedem a corrupção. Depois daquele vôo panorâmico sobre a Capital Federal, fica mais fácil entender os fatos e lutar contra o sistema.