terça-feira, setembro 10, 2013

Fechamento da via prejudica produtores

BR-174
Publicada no Jornal do Commercio Edição n.41.387 

A divisa do Amazonas com Roraima foi palco de uma manifestação pacífica organizada por produtores rurais do Estado vizinho, que são contra o fechamento diário da BR-174, no trecho localizado na reserva indígena Waimiri-Atroari. A manifestação aconteceu no feriado (7). O objetivo era de alertar para os prejuízos causados ao setor produtivo dos Estados com o fechamento de 125 km da rodovia pelos indígenas no horário das 18:30h às 5:30h. 

Segundo os produtores, o fechamento da rodovia, que vem ocorrendo desde 1977, tem causado prejuízos incalculáveis no transporte de produtos que chegam e saem de Roraima, alem de encarecer os preços praticados no comércio, e que são repassados ao consumidor final.

Preservação 
De acordo com o coordenador do programa Waimiri-Atroari, Marcelo Cavalcante, um dos principais motivos que levou os indígenas a colocar correntes na pista e impedir o trafego noturno, foi da preservação de animais silvestre. São mais de 70 animais mortos por mês, vítimas de atropelamento ao longo dos 125 km da rodovia pertencente a reserva. A estatística vem aumentando a cada ano, o que motivou os indígenas a bloquear este trajeto da BR-174. “A restrição diária dura 11 horas, período em que os animais de hábitos noturnos ficam mais vulneráveis aos atropelamentos”, relatou. 

Cavalcante, afirmou que ao longo desses 36 anos de bloqueio da rodovia, ainda, foram registradas mais de 7 mil mortes de animais silvestres. Mas, a conservação da biodiversidade, prevenção de acidentes e segurança das aldeias justificam manter a restrição de horário para circulação de carros de passeios e caminhões de carga não perecível, adotada pelos indígenas.
“Graças a restrição seletiva na BR-174, nos últimos anos, não há registro de morte de indígenas por atropelamento. Também, é mais um cuidado para preservar o habitar das comunidades indígenas localizadas ao longo da rodovia, no horário noturno devido a forma frágil em que vivem nas aldeias”, alertou o coordenador.

Exportação  
No período de janeiro a julho deste ano o Amazonas exportou para a Venezuela R$ 103.753.820 cresceu 73,41% em relação ao montante de R$ 59.832.519 referente ao mesmo período do ano passado. Está em 2º lugar no ranking dos principais países destino da exportação do Estado, entre a Argentina com R$ 154.785.513 e Colômbia R$ 61.698.685 no acumulado de 2013, de acordo com dados divulgados no site do Midc (Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior). 

Segundo o presidente da Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco a rodovia BR-174 poderia ser melhor utilizada para movimentação de carga do PIM (Polo Industrial de Manaus) com a Venezuela, que faz parte do Mercosul e precisa melhor a burocracia da tratativa bilateral com o Brasil e com a segurança que favoreçam o intercambio comercial. 
“Mas pouco utilizada, infelizmente, a logística fica prejudicada com a falta de política definida e clara por parte do Governo Federal e com a questão ambiental acima de quem deve ser o principal objetivo que é todo o cidadão brasileiro, que precisa de emprego e renda para movimentar a aquecer a economia do país. A BR-174 hoje é para a atividade do polo industrial é pequena. Mas ele poderia ser uma grande alternativa se houvesse uma vontade política para resolver essas questões de logística”, disse. 

Períco ainda disse que os indígenas têm seus direitos garantidos na legislação, mas que são poucas as obrigações que lhe competem, pelo fato de existir uma má interpretação desses direitos, principalmente por parte do povo indígena com interferência de terceiros, com objetivos escusos. 
“Agora é impressionante como um Estado brasileiro se permite uma condição dessas. Isso é uma questão de soberania nacional de responsabilidade do Exército Brasileiro cuidar e não os índios fazerem o que bem acham como fazem em todo o restante do país”, desabafou. 

POR DENTRO  

Histórico 

A BR-174 também conhecida por Manaus–Boa Vista, é uma rodovia longitudinal que interliga os estados brasileiros de Roraima e Amazonas à Venezuela, num total de 974 km. Tem como extremos as cidades de Manaus e Pacaraima. É a única ligação de Roraima com o resto do país, sendo sua maior e principal rodovia. Apesar da construção da BR-174 iniciar durante o regime militar, a conclusão das obras de asfaltamento e sinalização ocorreu somente em 1998. 

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