segunda-feira, dezembro 16, 2013

Monitoramento vai evitar preços abusivos na Copa

Turismo
Intenção dos órgãos ligados ao setor é evitar cobrança excessiva de preços aos turistas durante a Copa do Mundo
http://www.jcam.com.br/
O monitoramento das tarifas hoteleiras durante os megaeventos esportivos no Brasil é tema recorrente nas discussões entre o setor e as autoridades responsáveis. Com a assinatura do termo de compromisso entre representantes da hotelaria e o MTur (Ministério do Turismo), a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) realiza ações conjuntas com o Ministério da Justiça para evitar a prática de preços abusivos.

A intenção é que a Senacon (Secretaria do Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça) trabalhe para garantir a competitividade das tarifas praticadas pelos hotéis e que os serviços prestados atendam às exigências do Direito do Consumidor. O objetivo é alinhar as procedências entre diversos setores e áreas relacionadas ao turismo.


Segundo o presidente da Embratur, Flávio Dino os casos de abuso por parte de alguns hotéis e outros comércios similares, estão sendo relatados ao Procon, Cade e Ministério da Justiça.  “Esse trabalho deve ser reforçado até a Copa de 2014”, avisou.

De acordo com a ABIH-AM (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Amazonas) não há motivos para preocupação com a ocupação dos apartamentos disponíveis na capital, nem com a cobrança de tarifa abusiva aos turistas que virão para o megaevento, por ser regulada pelo MTur e controlada pela FIFA (Federação Internacional de Futebol e Associados) neste período.
O presidente da ABIH-AM, Roberto Bulbol afirma que o setor não vai aproveitar esse momento para aumentar a tarifa de forma abusiva o aumento acontece naturalmente e com a anuência do MTur e da FIFA. “Vamos dar graças a Deus que vai ter movimento e que vai lotar nossos hotéis, o que já é grande motivo para comemorar e causar boa impressão aos turistas”, afirmou.
Agora é hora de aguardar a distribuição de apartamentos que são negociadas separadamente entre cada hotel credenciado para hospedar durante a Copa 2014 e a Match Services AG, companhia suíça contratada pela FIFA, responsável pela fixação dos preços. A empresa revende os quartos por meio de contratos confidenciais, firmados separadamente com 805 hotéis espalhados pelas 12 cidades-sedes e recebe uma comissão. O valor do repasse é sigiloso. Segundo o MTur a variação de preços oscila 376% em um mesmo hotel.
Segundo a ABIH-AM o setor hoteleiro está vivendo um momento de comemoração após a definição do grupo mais cobiçado da 1ª Fase da Copa do Mundo 2014 vir disputar em Manaus. A nata do futebol mundial vai jogar na Arena da Amazônia Vivaldo Lima localizada na zona centro-sul da cidade-sede amazonense. Bulbol lembrou que existia anteriormente uma preocupação de quem vem jogar em Manaus.

 “Hoje nós temos a melhor chave da Copa com as seleções da Itália, Inglaterra, Portugal e Estados Unidos. Qual é o Estado que não ia querer receber essa chave?”, comemorou. Para ele essa já é uma grande conquista e vai atrair movimento, os hotéis vão lotar nesse período.
Na opinião da presidente da ABAV-AM (Associação Brasileira das Agências de Viagem no Amazonas), Maria Helena Fonseca o momento é de discutir a questão de tarifas e disponibilidades de pacotes turísticos das agências que trabalham com a demanda do receptivo – turistas que pretendem vir a Manaus e do emissivo, também, quando os turistas residentes na capital amazonense procuram pacotes para assistir aos jogos da Copa 2014 em outras capitais que vão sediar o evento.

 “Estamos em reunião de fechamento para discutir a demanda do receptivo e emissivo de Manaus para as cidades-sede”, informou.
Preocupação com efeito cascata em outros serviços
Flávio Dino ainda relatou que o governo tem duas principais preocupações em relação à explosão das diárias cobradas na rede hoteleira nacional. A primeira está no risco de um efeito dominó inflacionário em outros setores da cadeia produtiva do turismo. Ele teme que os hotéis que não estão no acordo de adesão com a Match Services, podem se sentir autorizados a reajustar tarifas em proporção semelhante. O mesmo poderia ocorrer com restaurantes e bares, por exemplo.

“Seria um absurdo o país sediar um evento como esse e ficar como legado uma escalada inflacionária”, disse em agosto.

A segunda preocupação do governo e com o comprometimento do turismo. O receio é que o Brasil fique marcado internacionalmente como um destino turístico caro. “Essa situação compromete a sustentabilidade do turismo brasileiro”, alertou. Ele fez a comparação e concluiu que enquanto a tarifa média cobrada pela Match Services na final da Copa do Mundo na África do Sul foi de US$ 200 e na Alemanha US$ 300, já no Rio de Janeiro girava em torno de US$ 461 no site da empresa.

O MTur informou que acompanha a variação de valores da hotelaria nacional, com o objetivo de checar a oscilação de mercado. Assim, esse monitoramento permite o constante diálogo com o setor. A verificação de possíveis abusos contra o consumidor e a criação de alternativas para os turistas, como a indicação de meios não convencionais de hospedagem, como as disponíveis no site do órgão.

O MTur convidou as secretárias de Estado envolvidas na questão de hospedagem para a Copa 2014, para discutir o comportamento das tarifas durante a realização do evento. O encontro é uma prévia para avaliação do preço médio praticado em cada cidade-sede, foi agendado para acontecer nesta segunda-feira (16), contando com a presença da presidente da Amazonastur, Oreni Braga. Ao todo, serão ofertados 19 mil quartos a mais na rede hoteleira para atender a demanda do megaevento, nas cidades-sede do mundial.

Para o economista Alex Del Gíglio é normal que os preços das tarifas e de outros serviços afins, subam durante eventos específicos como a Copa do Mundo e as altas estações de férias, por exemplo, “quando a oferta é menor que a demanda os preços tendem a subir dentro de um patamar predeterminado e depois volta naturalmente a baixar, este é um momento pontual onde o aumento no preço não vai ser absorvido pela economia”, explicou.

Gíglio avalia o atual cenário econômico com cautela, para que o excesso de otimismo com a proximidade de um grande evento internacional, não venha a causar um desequilíbrio no mercado interno resultando em descontrole na cobrança dos serviços e produtos básicos, que poderá causar má impressão aos turistas, que neste caso, deixaram de voltar em outras ocasiões e ainda agravar mais, propagando de forma negativa as cidades-sede brasileiras.

 “No Brasil, e aí não é um problema de Manaus, é um país que não tem um turismo relevante dentro do PIB (Produto Interno Bruto), ao contrário da Alemanha e da França, por exemplo, depois de sediar a Copa do Mundo soube aproveitar a rede hoteleira, e tudo que foi criado em infraestrutura. Provavelmente no Brasil vão se criar alguns elefantes brancos, infelizmente”, concluiu.
Essa matéria redeu a manchete

0 comentários: