quarta-feira, abril 20, 2011

Augusto do Anjos, escritor simbolista

Nascimento: 20 de abril de 1884 em Cruz do Espírito Santo, PB
Morte: 12 de novembro de 1914 (30 anos) em Leopoldina, MG
Ocupação: poeta e professor
Escola/tradição: Pré-modernismo, Modernismo, principal destaque na Escola Simbolista Brasileira

Meu poema preferido:

Psicologia de um vencido
                                            
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

(1884-1913)
Augusto de Carvalho Rodrigues do Anjos foi o poeta da obsessão, tresvairado com os aspectos deprimentes da vida. Formou-se uma linguagem cheia de termos técnicos e eruditos e deleitou-se com os assuntos mórbidos da doença e da morte.

Apesar de tudo, esses termos comprovadores do cientificismo do escritor ganham um tom de poesia e se traduzem numa musicalidade áspera, que tem cativado as sucessivas gerações de seus leitores.

Augusto dos Anjos conseguiu uma simbiose entre as Escolas Naturalista e Simbolista: criou quase um paradoxo, chegando a um misticismo do materialismo.
Deixou apenas um livro: Eu (1912).

Texto extraído do livro Nossa Cultura, Geraldo Mattos, 2a.Série/2o.Grau, Edição Renovada, - 1978 -Editora FTD S.A.

Foi o meu querido e severo professor Tavares (militar) que ministrava a disciplina de Literatura Brasileira, na 2a.B (antigo Colegial ou 2o.Grau e atual Ensino Médio). Era o ano de 1979, quando utilizamos este livro para realizar as atividades de sala de aula, e para aprendermos a ler adequadamente com a pontuação dos poemas e poesias. Foi naquela época que me apaixonei pela obra póstuma Eu de Augusto dos Anjos.

No final do ano letivo, ganhamos a tarefa de decorar um dos poemas estudados no livro Nossa Cultura, desde a influência Positivista no Realismo e Naturalismo com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gustave Flaubert, Emile Zola, Antero de Quental.

Autores da Escola Realista no Brasil estudados foram Machado de Assis, Tobias Barreto, Sílvio Romero, Clóvis Bevilácqua, Capistrano de Abreu. O principal escritor naturalista brasileiro foi Aluísio Azevedo. Olavo Bilac ganha o título de príncipe da poesia de nossa terra. Para Raimundo Correia fica a dualidade entre a poesia realista e a verdadeiramente parnasiana.

Em seguida, vem a transição do século com a Escola Simbolista e seu autores Charles Baudelaire, Paul Marie Verlaine e Arthur Schopenhauer. Aqui nas terras "brasilis" destacamos João da Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimarães e o admirável Augusto dos Anjos.

Eu findei por decorar o poema "Psicologia de um vencido", este mesmo aí do início da matéria, e declamei no final do ano letivo, valendo nota de prova oral. Foi uma emoção inesquessível.
Eu sei "decor" o poema até hoje.

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