sábado, junho 29, 2013

Otimismo cresce com Copa do Mundo



Economia
Depois de um semestre com resultado morno, setores produtivos apostam no aquecimento por conta do evento internacional


Publicada no Jornal do Commercio, A5

A economia na capital amazonense fecha o 1º semestre do ano de forma estável. As expectativas foram alcançadas de acordo com especialistas e representantes da indústria, comércio e serviços.
De acordo com o presidente do Cieam, Wilson Périco o resultado do 1º semestre ficou dentro do esperado. “Como já se esperava não houve surpresas nos indicadores de desempenho industrial neste semestre que se finda, mas para o próximo temos uma forte expectativa com o Polo de Duas Rodas e uma boa aposta nos produtos eletroeletrônicos já para 2014 com o evento da Copa do Mundo”.

Mas, na análise do economista, Ailson Nogueira Rezende o PIB caiu no período de janeiro a junho e o endividamento familiar desmotivou o comércio que reflete na produção industrial. “É necessário medidas governamentais efetivas para promover a recuperação do consumo interno que sofre com a valorização do dólar, afetando diretamente o custo dos produtos que utilizam insumos importados, acarretando retração no comércio que já sofre com os produtos chineses”, alerta o economista.
Foto: Walter Mendes
A China
Ailson Resende lembra que a China cosegue colocar seus produtos em qualquer lugar do mundo pela metade do preço praticado no mercado. “Hoje os produtos chineses são comercializados pelo mundo a fora por 50% dos preços praticados no comércio, pois não possui uma carga tributária alta incidindo sobre suas mercadorias”. Ele ainda disse que a Copa das Confederações foi um termômetro para medir o consumo de televisores, que ficou abaixo da média de vendas 2012. “No passado o televisor era o único aparelho para transmissão de imagens e som, mas hoje com as novas tecnologias portáteis a tendência é de se inverter o volume de compras”.

De acordo com o assessor de economia e membro da diretoria da Fecomércio, José Fernando Pereira da Silva Manaus é uma cidade que possui um comportamento diferente das demais capitais. Historicamente o resultado do 2º semestre é muito melhor se comparado com o resultado do 1º semestre, “Manaus é repleta de vocações, onde há vagas sobrando e não há registro de desemprego no comércio local diante de um crescimento real de 2,5% (descontada a inflação)”.

José Fernando disse que o comércio está em euforia com a expectativa de receber um reforço de R$ 2 bilhões com os programas Minha Casa Minha Vida e Minha Casa Melhor, ambos da Caixa Econômica Federal. “Há uma grande expectativa com dois programas federais fomentando o comércio local”.
Bric

Brasil tem desafio de crescimento
Em 2013, o Brasil deve enfrentar uma encruzilhada econômica: ou o país volta a crescer de forma acelerada, no patamar dos 3% ou 4%, ou até seu status de 'Bric' começará a ser questionado. Essa é a visão de analistas como Jim O'Neill, do banco Goldman Sachs, que em 2001 criou o acrônimo Bric para designar as nações emergentes que em 2050 igualariam seu peso econômico ao de países do mundo rico, além do Brasil, Rússia, Índia e China.

O'Neill é, na realidade, otimista sobre o potencial de crescimento do Brasil a partir de 2013. Para ele, apesar da decepção com a expansão de apenas 1% do PIB em 2012, o país deve voltar a crescer em 2013, alcançando um crescimento de 4% a 5% já em 2014.

Crescimento sustentável

Wilber Colmerauer, diretor da consultoria Brasil Funding, em Londres, concorda que 2013 será decisivo para a economia brasileira após 2012 ser marcado pelo fim da euforia dos mercados e investidores internacionais em relação ao país.

Em 2010, o entusiasmo com o Brasil foi inflado por um crescimento de 7,5% do PIB. A alta de 2,7% de 2011 foi interpretada por analistas como um ajuste sobre o ano anterior, em que o país teria crescido mais que seu PIB potencial, de 4%. "Mas no final de 2012 houve até um excesso de pessimismo sobre o Brasil, potencializado pelo crescimento de apenas 1%", disse Colmerauer.

Na opinião do analista, para ajustar as expectativas sobre a economia brasileira é importante que em 2013 o país demonstre que tem condições de iniciar uma trajetória de crescimento sustentável, em vez de apenas mais um ciclo curto de expansão, “o que alguns economistas chamam de voo de galinha”.

“O objetivo não pode ser crescer em 2013, mas sim crescer de 2013 a 2023", concorda Marcos Troyjo, diretor do BricLab, centro de estudos sobre o Bric da Universidade de Columbia, nos EUA.

Ameaças externas

Para Troyjo, entre os fatores externos que podem dificultar a aceleração do crescimento brasileiro está o acirramento da crise internacional, por exemplo, em decorrência de um fracasso dos EUA em evitar o abismo fiscal ou da complicação dos problemas da Europa. "O impacto direto de um acirramento da crise seria limitado, porque o Brasil tem uma economia relativamente fechada. Mas haveria um impacto indireto em função da mudança nas expectativas e confiança dos investidores", opinou Troyjo.

Fabiano Bastos, do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), também menciona o risco de um desaquecimento maior que o esperado na China, que poderia reduzir o preço das commodities e afetar a percepção de risco para investimentos em mercados emergentes. “Se o investimento não acompanhar essa alta da demanda, poderíamos ter uma elevação da inflação para 7% ou 8%, caso em que seria difícil para o governo manter a política de queda dos juros”. 

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