quinta-feira, outubro 10, 2013

Muitas surpresas surgiram com a variação de 0,29% do INCC em setembro no AM



IBGE

O Amazonas apresentou variação de 0,29% no INCC (Índice Nacional da Construção Civil) em setembro, na comparação com o mês de agosto. A variação acumulada (janeiro a setembro) foi negativa de -2,65%. O resultado dos últimos doze meses também foi negativo em -2,29%, de acordo com o Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), os resultados são calculados mensalmente pelo IBGE através de convênio com a CAIXA (Caixa Econômica Federal). Mas as entidades do setor, Sinduscon-AM e Creci-AM/RR, divergiram na avaliação dos resultados divulgados pelo IBGE, na quarta-feira (9).

De acordo com o diretor da Comissão Imobiliária do Sinduscon-AM, Newton Veras esse é um resultado da sazonalidade que vem ocorrendo nos últimos nove meses onde há uma acomodação do mercado com relação aos financiamentos imobiliários. “Esse é um espelho do que de fato está acontecendo na construção civil. Houve um incremento nas obras já lançadas no ano passado, porém desde o início deste ano houve uma constante redução, em relação aos últimos dois”, afirmou.

Ainda segundo Veras o resultado representa um equilíbrio entre a oferta e a procura no setor imobiliário e deverá seguir no mesmo patamar no último trimestre do ano. “É um ajuste do natural do mercado imobiliário que reflete na construção civil”, confirmou.

 

Índices divergentes

Segundo o vice-presidente do Creci-AM/RR, Ricardo Benzecry os índices não correspondem à realidade do comportamento da construção civil no Amazonas. O setor imobiliário está comemorando os melhores resultados na capital amazonense, confirmando a previsão de que voltaria a fortificar a economia no 2º semestre aliado ao segmento da construção civil. Com sinais de reaquecimento no final do primeiro semestre e exercendo influência positiva sobre o PIB (Produto Interno Bruto) no segundo semestre de 2013, na avaliação de especialistas e entidades do setor, publicada no Jornal do Commercio, em 26 de junho (A6).


“Na realidade esse índices não refletem a realidade do Amazonas. O que nós temos percebido é um aumento muito superior a isso tanto na mão de obra quanto em materiais”, afirmou Benzecry. Ele ainda questiona a metodologia com que os índices estão sendo calculados. “Eu não sei de que forma estão sendo calculados esses índices, mas nós aqui sentimos uma inflação superior a essa. Na mão de obra houve um aumento real superior a 30% para uma contra partida de ganho de produtividade dos funcionários próximo de zero, ou seja, se nós estivéssemos aumentado os salários dos funcionários por mérito, porque eles aumentaram  a produção isso seria um ganho de custo para a empresa. Mas na realidade não ocorreu isso e nós estamos sendo obrigados a aumentar o salário para conseguir pessoal para trabalhar na construção civil. Então esse é um custo que os construtores tem sentido em todas as suas obras. Com relação aos materiais, insumos utilizados na construção civil (cimento, ferro, dentre outros) podemos assegurar que ficou superior aos índices do governo diante o aumento do dólar que no mesmo período ficou em torno de 20% e todos esses insumos são atrelados ao dólar, o que me leva a crer que esse índices estão sendo favorecidos de alguma forma ou mal analisados por que está calculando estas tabelas dos índices de reajustes”, avaliou o representante do Creci-AM/RR.

Mini boom imobiliário
Por outro lado, Benzecry surpreendeu ao declarar que o setor imobiliário está passando por um mini boom, “tudo o que está sendo lançado, está sendo vendido; uma surpresa para o mercado e para todos os empresários da construção civil”, garante. Ele exemplificou com produtos lançados a 60 dias, sem divulgação na mídia, apenas utilizando o boca a boca, foram vendidos 65% da disponibilidade. Já a construtora Colméia lançou recentemente o residencial Vision Ponta Negra, um empreendimento com apartamentos de alto padrão na faixa de R$ 7.900 o m², que correspondem a valores superiores a R$ 1 milhão, foram vendidos 70% da disponibilidade em 30 dias. “O mercado está muito eufórico com as vendas que vem acontecendo na cidade. O motivo nós não conseguimos identificar, só se sabe que estamos vendendo muito acima das nossas expectativas”, comemora Benzecry.

Região Norte
A Região Norte, com alta de 1,89%, ficou com a maior variação regional em setembro. As demais regiões apresentaram os seguintes resultados: Nordeste 0,54%; Sudeste 0,31%; Sul 0,50% e Centro-Oeste 0,28%.

Com relação aos acumulados, a Região Nordeste apresentou a menor variação no ano -2,30%, além de ser a mais baixa nos últimos doze meses, com -0,90%. Os custos regionais, por metro quadrado, foram de R$ 856,90 no Norte; R$ 787,14 no Nordeste; R$ 880,06 no Sudeste; R$ 870,95 no Sul e R$ 854,16 no Centro-Oeste.
O Pará registrou a maior variação mensal: 4,04%, decorrente de pressão exercida pelo reajuste salarial de acordo coletivo, segundo o Sinapi.

Índice Nacional
Já o INCC/Sinapi apresentou variação de 0,54% em setembro, ficando 0,04 ponto percentual abaixo da taxa de agosto (0,58%). A variação acumulada (janeiro a setembro) foi negativa (-1,21%), enquanto em igual período de 2012 havia ficado em 4,38%. O resultado dos últimos doze meses ficou em -0,22%, acima dos -0,51% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2012, o índice foi de 0,25%.

O custo nacional da construção, por metro quadrado, que em agosto fechou em R$ 840,76, em setembro passou para R$ 845,31, dos quais, R$ 465,76 são relativos aos materiais e R$ 379,55 à mão de obra. A parcela da mão de obra apresentou variação de 0,48%, registrou 0,38 ponto percentual abaixo da taxa de 0,86% de agosto. Os materiais, por outro lado, registraram uma diferença de 0,24 ponto percentual, indo de 0,35% em agosto para 0,59% em setembro.

Nos nove primeiros meses do ano, os acumulados estão em 2,64% em materiais e -5,55% em mão de obra. Para doze meses, ficaram em 3,50% os materiais e -4,44% a mão de obra. Estes resultados levam em conta a desoneração da folha de pagamento de empresas do setor da construção civil prevista na lei 12.844, sancionada em 19 de julho de 2013.


SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
Estatísticas de Setembro/2013
Considerando a desoneração da folha de pagamento de empresas do setor da construção civil

Áreas geográficas    R$/m²                   Variações Percentuais
                                                                Mensal%            No Ano%            12 meses%
Região Norte              856,90                   +1,89                    -1,85                       +0,47
·         Acre                            937,50                  +0,52                    -1,18                       +0,33
·         Amapá                         807,85                  +0,24                    -1,17                       -0,77
·         Amazonas                   861,51                  +0,29                    -2,65                       -2,29
·         Pará                             832,54                  +4,04                    -1,96                       +2,39
·         Rondônia                      910,84                  +0,68                    +0,02                      +1,24
·         Roraima                        897,75                  +0,40                    -4,56                       -1,44
·         Tocantins                       881,56                  +0,30                    +0,47                      +0,65
Região Nordeste           787,14                  +0,54                    -2,30                       -0,90
Região Centro-Oeste    854,16                  +0,28                    -1,29                       -0,81
Região Sudeste              880,06                  +0,31                    -0,74                      -0,07
Região Sul                      870,95                  +0,50                    +0,38                    +0,83
Brasil                            845,31                  +0,54                    -1,24                      -0,22
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços.

Estes resultados são calculados mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) através de parceria com a Caixa (Caixa Econômica Federal), a partir do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil). O Sinapi, criado em 1969, tem como objetivo a produção de informações de custos e índices de forma sistematizada e com abrangência nacional, visando à elaboração e avaliação de orçamentos, como também ao acompanhamento de custos. Em 2002, o Congresso Nacional aprovou, através da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a adoção do Sinapi como referência para delimitação dos custos de execução de obras públicas.