IBGE
O Amazonas apresentou variação de 0,29% no INCC (Índice
Nacional da Construção Civil) em setembro, na comparação com o mês de agosto. A
variação acumulada (janeiro a setembro) foi negativa de -2,65%. O resultado dos
últimos doze meses também foi negativo em -2,29%, de acordo com o Sinapi (Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), os resultados
são calculados mensalmente pelo IBGE através de convênio com a
CAIXA (Caixa Econômica Federal). Mas as entidades do
setor, Sinduscon-AM e Creci-AM/RR, divergiram
na avaliação dos resultados divulgados pelo IBGE, na quarta-feira (9).
De acordo com o diretor da Comissão Imobiliária do Sinduscon-AM, Newton
Veras esse é um resultado da sazonalidade que vem ocorrendo nos últimos nove
meses onde há uma acomodação do mercado com relação aos financiamentos
imobiliários. “Esse é um espelho do que de fato está acontecendo na construção
civil. Houve um incremento nas obras já lançadas no ano passado, porém desde o
início deste ano houve uma constante redução, em relação aos últimos dois”,
afirmou.
Ainda segundo Veras o resultado representa um equilíbrio entre a
oferta e a procura no setor imobiliário e deverá seguir no mesmo patamar no
último trimestre do ano. “É um ajuste do natural do mercado imobiliário que
reflete na construção civil”, confirmou.
Índices divergentes
Segundo o vice-presidente do Creci-AM/RR, Ricardo Benzecry os índices não correspondem à realidade do comportamento da construção civil no Amazonas. O setor imobiliário está comemorando os melhores resultados na capital amazonense, confirmando a previsão de que voltaria a fortificar a economia no 2º semestre aliado ao segmento da construção civil. Com sinais de reaquecimento no final do primeiro semestre e exercendo influência positiva sobre o PIB (Produto Interno Bruto) no segundo semestre de 2013, na avaliação de especialistas e entidades do setor, publicada no Jornal do Commercio, em 26 de junho (A6).
“Na realidade esse índices não
refletem a realidade do Amazonas. O que nós temos percebido é um aumento muito
superior a isso tanto na mão de obra quanto em materiais”, afirmou Benzecry. Ele
ainda questiona a metodologia com que os índices estão sendo calculados. “Eu
não sei de que forma estão sendo calculados esses índices, mas nós aqui
sentimos uma inflação superior a essa. Na mão de obra houve um aumento real
superior a 30% para uma contra partida de ganho de produtividade dos
funcionários próximo de zero, ou seja, se nós estivéssemos aumentado os
salários dos funcionários por mérito, porque eles aumentaram a produção isso seria um ganho de custo para
a empresa. Mas na realidade não ocorreu isso e nós estamos sendo obrigados a
aumentar o salário para conseguir pessoal para trabalhar na construção civil.
Então esse é um custo que os construtores tem sentido em todas as suas obras.
Com relação aos materiais, insumos utilizados na construção civil (cimento,
ferro, dentre outros) podemos assegurar que ficou superior aos índices do
governo diante o aumento do dólar que no mesmo período ficou em torno de 20% e
todos esses insumos são atrelados ao dólar, o que me leva a crer que esse índices
estão sendo favorecidos de alguma forma ou mal analisados por que está
calculando estas tabelas dos índices de reajustes”, avaliou o representante do
Creci-AM/RR.
Mini
boom imobiliário
Por outro lado, Benzecry
surpreendeu ao declarar que o setor imobiliário está passando por um mini boom,
“tudo o que está sendo lançado, está sendo vendido; uma surpresa para o mercado
e para todos os empresários da construção civil”, garante. Ele exemplificou com
produtos lançados a 60 dias, sem divulgação na mídia, apenas utilizando o boca
a boca, foram vendidos 65% da disponibilidade. Já a construtora Colméia lançou
recentemente o residencial Vision Ponta Negra, um empreendimento com
apartamentos de alto padrão na faixa de R$ 7.900 o m², que correspondem a
valores superiores a R$ 1 milhão, foram vendidos 70% da disponibilidade em 30
dias. “O mercado está muito eufórico com as vendas que vem acontecendo na
cidade. O motivo nós não conseguimos identificar, só se sabe que estamos
vendendo muito acima das nossas expectativas”, comemora Benzecry.
Região
Norte
A
Região Norte, com alta de 1,89%, ficou com a maior variação regional em
setembro. As demais regiões apresentaram os seguintes resultados: Nordeste
0,54%; Sudeste 0,31%; Sul 0,50% e Centro-Oeste 0,28%.
Com
relação aos acumulados, a Região Nordeste apresentou a menor variação no ano
-2,30%, além de ser a mais baixa nos últimos doze meses, com -0,90%. Os custos
regionais, por metro quadrado, foram de R$ 856,90 no Norte; R$ 787,14 no Nordeste;
R$ 880,06 no Sudeste; R$ 870,95 no Sul e R$ 854,16 no Centro-Oeste.
O
Pará registrou a maior variação mensal: 4,04%, decorrente de pressão exercida
pelo reajuste salarial de acordo coletivo, segundo o Sinapi.
Índice
Nacional
Já o INCC/Sinapi apresentou variação de 0,54% em
setembro, ficando 0,04 ponto percentual abaixo da taxa de agosto (0,58%). A
variação acumulada (janeiro a setembro) foi negativa (-1,21%), enquanto em
igual período de 2012 havia ficado em 4,38%. O resultado dos últimos doze meses
ficou em -0,22%, acima dos -0,51% registrados nos doze meses imediatamente
anteriores. Em setembro de 2012, o índice foi de 0,25%.
O
custo nacional da construção, por metro quadrado, que em agosto fechou em R$
840,76, em setembro passou para R$ 845,31, dos quais, R$ 465,76 são relativos aos
materiais e R$ 379,55 à mão de obra. A parcela da mão de obra apresentou
variação de 0,48%, registrou 0,38 ponto percentual abaixo da taxa de 0,86% de
agosto. Os materiais, por outro lado, registraram uma diferença de 0,24 ponto
percentual, indo de 0,35% em agosto para 0,59% em setembro.
Nos
nove primeiros meses do ano, os acumulados estão em 2,64% em materiais e -5,55%
em mão de obra. Para doze meses, ficaram em 3,50% os materiais e -4,44% a mão
de obra. Estes resultados levam em conta a desoneração da folha de pagamento de
empresas do setor da construção civil prevista na lei 12.844, sancionada em 19
de julho de 2013.
SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil
Estatísticas de Setembro/2013
Considerando a desoneração da
folha de pagamento de empresas do setor da construção civil
Áreas geográficas R$/m² Variações Percentuais
Mensal% No
Ano% 12 meses%
Região Norte 856,90 +1,89 -1,85 +0,47
·
Acre 937,50
+0,52 -1,18 +0,33
·
Amapá 807,85 +0,24 -1,17 -0,77
·
Amazonas 861,51 +0,29 -2,65 -2,29
·
Pará 832,54 +4,04 -1,96 +2,39
·
Rondônia 910,84 +0,68 +0,02 +1,24
·
Roraima 897,75 +0,40 -4,56 -1,44
·
Tocantins 881,56 +0,30 +0,47 +0,65
Região Nordeste 787,14 +0,54 -2,30 -0,90
Região Centro-Oeste 854,16 +0,28 -1,29 -0,81
Região Sudeste 880,06 +0,31 -0,74 -0,07
Região Sul 870,95 +0,50 +0,38 +0,83
Brasil 845,31 +0,54 -1,24 -0,22
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas,
Coordenação de Índices de Preços.
Estes resultados são calculados
mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) através
de parceria com a Caixa (Caixa Econômica Federal), a partir do Sinapi (Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil). O Sinapi, criado
em 1969, tem como objetivo a produção de informações de custos e índices de
forma sistematizada e com abrangência nacional, visando à elaboração e
avaliação de orçamentos, como também ao acompanhamento de custos. Em 2002, o
Congresso Nacional aprovou, através da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a
adoção do Sinapi como referência para delimitação dos custos de execução de
obras públicas.