Resultado para o mês de setembro foi o pior dos últimos dez anos em todo o país, segundo dados do MTE
Jornal do Commercio, publicado em 18/10/2012, A5
Foto: Divulgação |
Os dados divulgados pelo MTE (Ministério do
Trabalho e Emprego) mostram que setembro foi o pior mês em termos de criação de
postos de trabalho com carteira assinada, desde 2001, depois de mais de uma
década – quando a abertura de empregos formais somou 80.028. A série
histórica do Caged tem início em 1992.
A criação de empregos formais caiu 28%
em setembro deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo
dados divulgados pelo MTE. No mês passado, foram criados 150.334 postos de
trabalho formais, contra 209.078 em setembro de 2011.
O
mercado de trabalho reflete as condições da economia, que apresenta
desaceleração neste ano por conta da crise financeira internacional, Segundo o
diretor do Departamento de Emprego e Salário do MTE, Rodolfo Torelly, "de
certa forma, acompanha o PIB. Em função do cenário internacional (ruim), o
cenário ainda é positivo", avaliou.
Distribuição
geográfica dos empregos
As regiões Norte e Nordeste criaram,
respectivamente, 86,6 mil empregos e 179 mil postos formais no primeiro
semestre deste ano. Já a região Centro-Oeste, por sua vez, abriu 197 mil
postos de trabalho.
Por
regiões do país, ainda de acordo com o Ministério do Trabalho, o destaque ficou
por conta do Sudeste, com 838 mil postos formais abertos nos nove primeiros
meses de 2012. Em segundo lugar, aparece a região Sul, com a abertura de 272
mil vagas com carteira.
Na análise do economista Alex Del Giglio, o
fato da constante queda na geração de novos postos de trabalho no Brasil, ainda
é reflexo da crise internacional que não está bem resolvida, afeta a economia
hoje globalizada.
“Com base nos dados divulgados pelo MTE no
Amazonas em setembro de 2002 havia uma demanda ajustada em 12.803, em 2011
cresceu para 48.272, e hoje registrou 12.198 a pior marca dos últimos dez anos.
Este fato deve-se as incorporações de indústrias e marcas formando
conglomerados e investem em tecnologia de ponta e automação e em parte na crise
no polo de duas rodas que só em outubro começa a retomada produtiva”, analisou
Giglio.
Para Giglio, mais um agravante foi detectado,
trata-se da falta de qualificação de pessoal (técnicos e tecnólogos) que vem crescendo
e interfere diretamente na geração de emprego e renda. “A oferta é muito maior
que a demanda de profissionais disponibilizada no mercado nacional e local. O
próprio Governo exige mais qualificação do mercado e pouco estimula a
qualificar pessoas, inclusive os projetos de qualificação são voltados para o
exterior com poucas vagas e custo alto”, conclui.
Acumulado
do ano
Ainda, segundo dados oficiais, foram gerados
1,57 milhão de vagas com carteira assinada, o que representa uma queda de 24,2%
frente ao mesmo período do ano passado 2,07 milhões de empregos formais
criados, no acumulado dos nove primeiros meses deste ano. Este é o pior
resultado para o período desde 2009, quando foram criados 1,12 milhão empregos
com carteira assinada.
Setores
da economia
Segundo o MTE, o setor de serviços liderou a
criação de empregos formais no acumulado deste ano, com 667 mil postos abertos,
ao mesmo tempo em que a construção civil foi responsável pela contratação de
273 mil trabalhadores com carteira assinada.
A indústria de transformação, por sua vez,
gerou 256 mil postos formais de emprego, enquanto que o setor agrícola abriu
136 mil empregos no período. Já o comércio criou 178 mil postos formais,
segundo dados oficiais.
Crise
financeira e medidas de estímulo
Segundo o analista econômico Alexandro
Martello, Brasília/DF a crise financeira internacional tem prejudicado o
crescimento de todas as economias ao redor do mundo. Interferiu no resultado
com a fraca geração de empregos com carteira assinada.
No começo deste ano, a previsão do governo
federal para a expansão da economia estava acima de 4%. Atualmente, já foi
revisada para 2% de expansão. Para o mercado financeiro, o crescimento será
menor ainda neste ano: de 1,54%.
Para recuperar o crescimento, a equipe
econômica do governo anunciou, nos últimos meses, uma série de medidas, como a
redução do IPI para a linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e
para os automóveis.
Além disso, também reduziu o IOF para
empréstimos tomados pelas pessoas físicas, deu prosseguimento às desonerações
da folha de pagamentos, liberou mais de R$ 70 bilhões em depósitos compulsórios
para os bancos e vem reduzindo a taxa básica de juros desde agosto do ano
passado. Atualmente, os juros estão em 7,25% ao ano – os menores da história.
Fonte:
MTE/SPPE/DES/CGET - CAGED Lei 4.923/65
www.jcam.com.br
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