Continua a discussão sobre o
destino do Polo de Duas Rodas que interfere diretamente na cadeia produtiva
afetando os fabricantes de bens intermediários. Iniciada em dezembro do ano
passado, vem buscar soluções na proposta de compilação do PPB (Processo Produtivo
Básico) apresentada ontem (19), durante a reunião inaugural de trabalhos da
Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), realizada na sede da
autarquia.
O Superintendente Adjunto de
Projetos, Gustavo Igrejas abriu os trabalhos com a apresentação do panorama do
segmento de duas rodas e as entreves que persistem, com o seu principal vilão
o crédito, não pela falta, mas pela qualidade. “Precisamos
estudar uma maneira de pontualmente tentar diminuir esses entraves, para
justamente reduzir o custo do produto motocicleta. Crescer a produção no Polo
Industrial de Manaus com a população que temos hoje, com agregação de valor
local e do Brasil”, sugeriu.
O presidente da Aficam (Associação
de Fabricantes de Componentes do Amazonas), Cristóvão Marques, sugere que 60%
dos insumos utilizados na produção de motocicletas sejam fornecidos pelas
indústrias de setor componentistas baseadas no PIM. “O polo de duas rodas
recebe incentivos fiscais, portanto é fundamental que grande parte das peças
utilizadas na industrialização dos veículos seja adquirida das empresas do
setor termoplástico do parque fabril manauara. Temos que parar com essa cultura
de conceder benefícios a quem não nos ajuda a gerar emprego e renda”, frisou.
O diretor-executivo do Sindiplast
(Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Manaus), Paulo Abreu, esclarece
que não se trata apenas do porcentual adquirido pelos fabricantes de motos. “O
problema maior é que o atual PPB libera uma quantidade mínima de motos por
cilindrada para cada um dos sete fabricantes, o que diminui a produção local e
consequentemente a venda de insumos, e diante desta situação, queremos diminuir
o limite para entrada de produtos”, explicou.
O Sindipeças (Sindicato
Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automores) fabrica cerca de
três mil itens de autopeças. Hoje com 197 fabricantes de moto peças agindo
principalmente no mercado de reposição motivado pela dificuldade que tem essa
integração com a ZFM. Considerando a proposta razoável, apenas questionado o
ponto em que talvez em se agregando novos itens de autopeças não se dê na forma
em que estão sendo praticados, com os atuais 227 itens de partes e peças.
De acordo com dados da
Suframa o Polo de Duas Rodas entrou em crise em 2008, no ano seguinte houve a
retomada ao patamar de 2006. Março de
2012 foi o melhor mês de produção do setor. Representa 30% da mão de obra do
PIM vem deste segmento, da mesma forma para o valor de investimento. Atualmente
o setor trabalha com insumos na ordem de 80 a 85% de índice de nacionalização,
na busca por solução para a retomada na produção em larga escala na ZFM.
Split
Hoje entra na pauta da Suframa o
PPB dos splits, condicionadores de ar do tipo. O produto também espera soluções
dos problemas gerados na aquisição de insumos. Para o Sinplast são positivas as
expectativas, neste caso. “Se tudo correr bem, a partir de 1º de julho deste
ano, vamos começar a produzir peças plásticas e moldes para split no Polo
Industrial de Manaus. A estimativa é de que o setor recupere 25% da produção
perdida no ano passado”, adiantou o presidente, Paulo Abreu.
Crédito
em crise
Desta vez, os motivos
para crise são internos. A alta inadimplência fez os bancos desacelerarem. De
cada dez pessoas que tentam financiamentos, apenas duas conseguem a concessão
de crédito. Como a maior parte dos compradores de motos, 85% pertencem as
classes C, D e E, a falta de crédito causou um impacto na indústria. O
resultado foi a queda de 20% na produção de motos em 2012.
O mau resultado possui
impacto direto no Polo Industrial de Manaus, que concentra 98% das fábricas de
motos do país. Juntas elas representam o segundo maior segmento industrial da
cidade, e concentram um quinto de todos os empregos do Distrito Industrial. Com
uma queda tão acentuada, o número de vagas diminuiu para 11% a menos, com mais
de 1.800 demissões. Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação
Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas
e Similares) em dezembro do ano passado.
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