Centro liberado
Tráfego volta em condições precárias
Secretarias e
institutos estão no jogo de empurra, os políticos na defesa e a população
vulnerável na linha de frente
Por
Tanair Maria
Especial
para o Jornal do Commércio, publicado hoje, A4
Na madrugada de quarta-feira (1°), agentes
da SMTU coordenaram os trabalhos de retorno do tráfego de ônibus no Terminal da
Matriz, localizado no Centro Histórico de Manaus, após mais de 40 dias de
interdição do local pela Prefeitura de Manaus a título de medida preventiva
contra um possível acidente com as galerias dos ingleses, que foram atingidas
pela cheia recorde deste ano. A liberação parcial traz à tona novas discussões
sobre a precariedade em que se encontra o Centro Histórico de Manaus.
A expectativa era grande para quem precisa do serviço de transporte público, uma vez que o local é ponto estratégico para várias rotas da cidade. Para os primeiros dias, o fluxo de ônibus estava normal e com a novidade, só os ônibus urbanos vão trafegar no Terminal da Matriz. Os microônibus executivos continuam a dobrar na rua 10 de julho, e os demais veículos passam pela rua José Clemente.
A expectativa era grande para quem precisa do serviço de transporte público, uma vez que o local é ponto estratégico para várias rotas da cidade. Para os primeiros dias, o fluxo de ônibus estava normal e com a novidade, só os ônibus urbanos vão trafegar no Terminal da Matriz. Os microônibus executivos continuam a dobrar na rua 10 de julho, e os demais veículos passam pela rua José Clemente.
Mas, a frustração estampada no semblante das
pessoas superou a expectativa de todos diante do descaso das autoridades
gestoras do município, ao liberar o tráfego dos ônibus urbanos nas mesmas
condições à época da interdição: com as pistas de rolagem esburacadas, paradas
sem os abrigos cobertos (retirados para ser revitalizados), falta de
sinalização, falta de identificação das rotas, lixo acumulado nas vias públicas,
um descaso com a população.
Para
o vereador Joaquim Lucena (PSB), líder do partido e da oposição na CMM, a
liberação parcial do Centro de Manaus deveria ter sido feita com mais
planejamento. “O poder público tinha que retornar o trafego, mas com o mínimo
de infraestrutura, o mínimo de condição. Eu acho que é um descaso com a
população e com o transporte que for entrar lá. Eu considero um descaso o quê a
prefeitura fez. Eu acho que deveria antes de abrir, e teve tempo para isso, dar
a manutenção que não foi dada.”
Já
o líder do prefeito na CMM, vereador Leonel Feitoza, a liberação ocorreu porque
o Centro precisava deste procedimento. “O tráfego de ônibus precisava ser
normalizado no centro da cidade. Sobre o risco das pistas cederem, ainda não
existe laudo sobre aquela área onde estão as galerias dos ingleses, porque o
nível do rio continua alto, em torno de 28m, precisa baixar mais um pouco para
ser feita as análises técnicas segundo informações da CPRM (Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais), esclarecido durante o ciclo de palestras
realizado no plenário da Câmara, na semana passada.”
Vereador defende a liberação parcial do tráfego no Centro |
Buracos, caos no Transito e camelôs descontentes
Outro órgão da Prefeitura Municipal envolvido no
impasse, o Implurb (Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento
Urbano) declarou que o que está em jogo é a revitalização do Centro Histórico.
“O objetivo é dar condição digna de trabalho aos 1.000 camelôs cadastrados e revitalizar o Centro da cidade, para isso o município apresentou ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) projeto sugerindo a implantação do camelódromo na Praça Tenreiro Aranha”, explicou o órgão por meio de Nota oficial ao JC.
“O objetivo é dar condição digna de trabalho aos 1.000 camelôs cadastrados e revitalizar o Centro da cidade, para isso o município apresentou ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) projeto sugerindo a implantação do camelódromo na Praça Tenreiro Aranha”, explicou o órgão por meio de Nota oficial ao JC.
O projeto citado pelo
Implurb também aumentaria o número de vagas de estacionamentos públicos e
desafogaria o tráfego nas principais ruas do entorno da Matriz, segundo o
próprio órgão. No entanto, o projeto foi indeferido pelo Iphan, através do
ofício 390/2012, datado de 27 de julho último.
Pelo lado da SMTU (Superintendência
Municipal de Transportes Urbanos) o processo de recapeamento já começou. De acordo
com o Superintendente Interino, Antonio Norte Filho, primeiramente a equipe fará
o preparo do solo,
passando o maquinário para retirar as crateras que se formaram em torno do
terminal para depois receber o asfalto. “Os trabalhos serão feitos durante a madrugada”, garante.
passando o maquinário para retirar as crateras que se formaram em torno do
terminal para depois receber o asfalto. “Os trabalhos serão feitos durante a madrugada”, garante.
O outro
lado
Polêmicas
e impasses à parte, enquanto o problema não é totalmente resolvido pelas
autoridades, a população é quem sofre. O Jornal do Commercio foi às ruas para
saber a opinião das pessoas. A usuária do sistema de transporte coletivo,
Renata Cristina Bandeira falou sobre os ônibus e o terminal. “Graças a Deus que voltou ao normal. Aqui estava
tudo abandonado, agora só falta recolocaram as coberturas. Nos manifestamos pela
saída dos executivos (ônibus). Agora sim, gostei, é assim que tem que ser, sem
os executivos só com os de linha (ônibus urbano).”
O vendedor ambulante Manuel dos Santos
Bentes trabalha no Centro há 17 anos e comentou o impasse envolvendo o local. “Por
um lado é bom e por outro é ruim (a liberação parcial do Centro). A parte boa é
que diminui o fluxo de transito, não vai ter aquele engarrafamento muito
grande. Era demais. De outra parte, é que as pessoas vão direto para seus
destinos e diminui as vendas. Aqui para ficar bom precisa melhor muita coisa,
toda a estrutura: o asfalto está cheio de buracos; eles tiraram a cobertura das
paradas e não os recolocaram; os painéis de identificação também foram
retirados e tem que colocar de novo, tudo isso e muito mais coisas.”
Um
motorista de ônibus que preferiu manter o anonimato reclamou dos buracos. “A pista está péssima. Nota zero. A frota
(de ônibus) é nova e está acabando com tudo, não tem carro novo que aguente.
Não adianta você botar carro novo se as pistas estão cheias de buracos. Os
quebra-molas estão todos fora de padrão e uma série de outras coisas. Está
difícil.”
Camelôs
indignados
O
presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes de Manaus, Raimundo Inácio
Ferreira dos Santos declarou sua indignação com as negativas do Iphan em
relação aos locais para transferência dos vendedores ambulantes (camelôs) no
Centro. “Onde é que está o direito do cidadão amazonense. O direito foi
totalmente recusado pelas autoridades. Primeiro com a Prefeitura. Tentamos
fazer um shopping provisório num local só por três anos. Nós estávamos deixando
o local para irmos para o shopping definitivo e a justiça embargou por questão
política. Não deixou construir. Tentamos construir por traz do Banco do Brasil,
a prefeitura foi lá e desapropriou. O Iphan vem e tomba tudo, pra não deixar
construir. É um órgão que não tem respeito pela cidade de Manaus. São mais de
150 imóveis no centro histórico e não se vê nenhum restaurado pelo Iphan.
Tentamos a praça Tenreiro Aranha. A prefeitura fez o projeto e o Iphan vem
dizer que não pode? Será que o Iphan veio mesmo para revitalizar a cidade? Só
está aí embargando tudo, não tem nenhum sentimento pela cidade de Manaus. Nós
amamos a cidade de Manaus e queremos uma revitalização de verdade.”
Até o fechamento dessa matéria, as obras e
adequações citadas pelas assessorias de imprensa, não iniciaram.
0 comentários:
Postar um comentário