MANAUS/AM
EDITORIAL JORNAL DO COMMERCIO
UM ATENTADO SOBRETUDO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A barbárie contra uma revista francesa conhecida por publicar
caricaturas do profeta Maomé choca pelo número de vítimas e pela tentativa de
atingir um dos pressupostos do mundo ocidental: a liberdade de expressão como
elemento indissociável da democracia. Por isso, só pode merecer o rechaço de
quem encara o direito à livre manifestação em seu sentido mais amplo como única
forma de se manter e ampliar conquistas em diferentes campos da sociedade
– da ciência aos avanços tecnológicos.
O atentado reafirma o quanto a humanidade ainda precisa
avançar até alcançar o entendimento de que o Ocidente – onde convivem hoje
cidadãos de todo o mundo – não tem como abrir mão da liberdade. Ao atacá-la, os
fundamentalistas demonstram que sabem de sua importância para as democracias.
Ao mesmo tempo, não deixam ao Ocidente outro caminho: rechaçar sempre, e
permanentemente, qualquer tentativa de calar esse valor.
Vale ressaltar que o atentado ceifou a vida de quatro dos
mais importantes cartunistas franceses. Trata-se de um segmento do jornalismo
dos mais importantes, porque usa o humor para retratar principalmente as
mazelas do dia-a-dia. É sobretudo um ataque ao riso, ao bom-humor, em nome de
uma pseudo religiosidade. Não se pode culpar a religião muçulmana, mas sim fanáticos
irresponsáveis, que descarregam suas frustrações na prática do terrorismo. Nem
mil virgens no paraíso justificam tamanha barbárie.
O atentado serve para chamar atenção a todo radicalismo, religioso
ou não. Todo fanatismo é condenável e deve ser repudiado. Em pleno Século XXI, não se justifica práticas que o mundo
deveria ter abolido ainda na idade média. Liberdade de expressão é um valor universal, que deve ser
defendido e praticado à exaustão.
Texto: Não é autoral
Link: http://www.jcam.com.br/
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