quinta-feira, março 10, 2011

Testado o endiabrado Chevrolet Camaro RS V6 na Califórnia

Chevrolet Camaro RS V6  (magnífico)
Fabricado no Canadá, modelo veio parar no Brasil no segundo semestre de 2010
Texto: Luiz Humberto M. Pereira/Carta Z Notícias
Foto: do autor

(17-06-10 – Los Angeles/Estados Unidos) – Com o desembarque do sedã Malibu nas concessionárias Chevrolet programado para a segunda quinzena de junho, a General Motors do Brasil já prepara a chegada de outro norte-americano ao mercado nacional.

Trata-se da quinta geração do cupê Camaro, lançado no início do ano passado nos Estados Unidos – já como modelo 2010 – como uma releitura do primeiro Camaro, apresentado em 1966. E também como um genuíno herdeiro dos chamados “pony cars”, uma categoria que surgiu há quase 50 anos com modelos “made in U.S.A.” de custo acessível – para os padrões da época – e com visual e performance esportivos, como Ford Mustang, Dodge Challenger e o próprio Camaro de primeira geração. Todos com motorizações parrudas – V8 ou V6 – e características estilísticas que os incluem dentro daquilo que se costuma classificar como “carro de macho”.

No mercado norte-americano, são oferecidas duas motorizações para a nova geração do Camaro. A primeira é a poderosa V8 de imodestos 6.2 litros com 423 cv de potência. A segunda, mais cotada para vir ao Brasil, é um V6 de 3.6 litros, 304 cv de potência aos 6.400 giros e torque de 37,7 kgfm em 5.200 rpm, com injeção direta de combustível e comando de válvulas variável. É o mesmo motor de Captiva V6 e Omega, com uma configuração mais esportiva. A GM não adianta maiores detalhes sobre qual das cinco versões de acabamento do Camaro – LS, 1LT, 2LT, 1SS ou SS – será trazida para o mercado brasileiro. Mas há grandes possibilidades de o V6 vir acoplado a um câmbio automático de seis velocidades e opção de acionamento manual por borboletas no volante. A apresentação do modelo produzido na cidade canadense de Oshawa no mercado brasileiro muito provavelmente acontecerá no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, que acontecerá de 28 de outubro a 7 de novembro no Pavilhão de Exposições do Anhembi. As vendas começarão em seguida ao evento paulistano.

Visualmente, tanto por fora quanto por dentro, o Camaro explícita sua esportividade em cada detalhe. Traz um estilo imponente, que lhe rendeu, em abril desse ano, o prêmio World Car Design of the Year. Construído sobre uma arquitetura moderna, que a GM chama de plataforma Zeta, trata-se de um autêntico cupê 2+2 – ou seja, no banco de trás até é possível levar duas crianças pequenas ou dois amigos para uma viagem curta, mas não seria confortável viajar ali. As dimensões já deixam clara a sua proposta nem um pouco familiar: são 4,84 m de comprimento, 1,92 m de largura e 1,38 m de altura, com entre-eixos de 2,85 m. Ou seja, um carro comprido, largo e muito baixo, que leva com conforto apenas duas pessoas, feito na medida para quem gosta de pisar fundo. Os faróis redondos ladeiam a grade estreita, que parece um tanto achatada sob o capô grande, com um robusto ressalto central. No perfil, as portas largas contrastam com as janelas muito baixas. As rodas de liga leve podem ser de 18, 19 ou 20 polegadas – a versão testada, uma 2LT com pack RS, trazia rodas de 20 polegadas e spoiler traseiro, entre outros adereços extras. A traseira repete o estilo afilado da frente, só que os faróis redondos dão lugar a dois pares de lanternas vermelhas trapezoidais, quase quadradas. O duplo escapamento também tem desenho aquadradado, em aço polido.

Por dentro, tudo é calculado para que o motorista não possa esquecer nem por um minuto que está a bordo de um esportivo de verdade. Apenas o volante é um pouco maior do que se espera normalmente num esportivo, mas quatro mostradores inusitadamente posicionados atrás da alavanca do câmbio – temperatura e pressão de óleo, temperatura da água, voltagem da bateria – deixam claro que trata-se de um modelo que se propõe a ser aproveitado ao máximo. Ou seja, em teoria, se não houver indicações em contrário nos mostradores, pode pisar fundo que o motor dá conta. Em termos de acabamento, tudo segue uma curiosa combinação de materiais requintados com toques de rusticidade. Os revestimentos de bancos e volante na versão 2LT são em couro, com largos pespontos. Os mostradores quadrados e os detalhes do som e do painel, um tanto abrutalhados, reforçam o jeito “pony car” de ser. Controles de estabilidade e tração e freios a disco nas quatro rodas se encarregam de reforçar a segurança. Se não bastar, ainda resta o ABS. Ou, em casos mais extremos, airbags frontais, laterais e de cortina...

Os brutos também seduzem

Quem adquire um “pony car” pode ter várias razões para justificar sua compra – a maioria bastante irracionais e talvez até algumas inconfessáveis. Mas querer passar depercebido nunca é uma delas. Mesmo em regiões altamente elitizadas, como o trecho entre Santa Monica e Malibu, na Califórnia – onde é possível encontrar Ferraris, Maseratis, Lamborghinis e até um Bugatti Veyron parados num mesmo sinal –, esses esportivos tipicamente “ianques” sempre despertam a atenção e a simpatia do normalmente patriótico povo norte-americano.

Mesmo que o proprietário de um Camaro quisesse não atrair muitos olhares, o característico ronco do motor V8 ou V6 se encarregaria de dar o alerta. O Camaro testado era uma versão 2LT com pack RS movida por um motor V6 com câmbio automático de seis marchas e opção de acionamento no volante – o mesmo trem de força cotado para o modelo que será exportado para o Brasil. São seis cilindros em “V”, 3.6 litros, 304 cv de potência aos 6.400 giros e torque de 37,7 kgfm em 5.200 rpm. Só pela motorização, é possível ter uma boa ideia do que um Camaro consegue fazer numa estrada. Segundo a marca, o zero a 100 km/h pode ser feito em 6,5 segundos. Nos Estados Unidos, o preço da versãoV6 RS testada começa em US$ 35 mil, com frete incluso e sem opcionais como teto solar e faróis de xenon. Para o modelo que vai ao Brasil, fala-se em valores em torno de R$ 110 mil.

Como trata-se de um automóvel todo pensado para se ir além dos limites civilizados de direção, é praticamente impossível manter-se na velocidade máxima permitida – no caso da estrada que liga Santa Monica a Malibu, 55 milhas por hora ou 88,5 km/h. É preciso deixar para trás as vias principais e buscar caminhos menos frequentados – e menos policiados – para que se possa “soltar” os indóceis 304 cv do motor. Nessa hora, ao subir de forma acelerada uma sinuosa estradinha, o motor emite um ronco grave e solene, algo certamente capaz de arrepiar os apreciadores da direção mais esportiva. E o cupê acelera sem dó nem piedade e ganha velocidade de forma impressionante. Conter seu ímpeto faz parte da rotina de quem dirige um carro desses.

Mas nem só de correr e fazer barulho vive um genuíno “pony car”. Como se trata de um veículo muito baixo e com uma suspensão com calibragem esportiva, o Camaro acelera de forma equlibrada e faz as curvas como se estivesse sobre trilhos, transmitindo sensação de estabilidade. Mesmo em velocidades acima do recomendável, o Camaro deixa claro que está “na mão” do motorista. E quando é necessário freiar, o cupê da GM também o faz sem vacilação. Trata-se de uma criatura voluntariosa, mas obediente. Um esportivo do Século XXI que reconhece sua herança.

Ficha técnica – Chevrolet Camaro 2LT 3.6 V6

Motor:Gasolina, dianteiro, longitudinal, 3.564 cm³, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote com comando variável de válvulas. Bloco e cabeçote de aluminínio. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de seis velocidades à frente e uma a ré com sistema de embreagem dupla e sistema sequencial manual com trocas na manopla do câmbio ou através de borboletas na coluna de direção.
Tração traseira.
Controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 304 cv a 6.400 rpm.
Torque máximo: 37,7 kgfm a 5.200 rpm.
Diâmetro e curso: 94,0 mm X 85,6 mm. Taxa de compressão: 11,3:1.
Suspensão: Dianteira independente com triângulos duplos transversais, molas helicoidais integradas, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás e barra estabilizadora. Traseira independente, com braços múltiplos, molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás e barra estabilizadora. Controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência.
Carroceria: Cupê em monobloco com quatro portas e quatro lugares. Com 4,84 metros de comprimento,
1,92 metro de largura, 1,38 metro de altura e
2,85 metros de distância entre-eixos.
Peso: 1.700 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 320 litros.
Capacidade do tanque de combustível: 72 litros.
Produção: Oshawa, Canadá.
Lançamento mundial desta geração: 2009.
Lançamento no Brasil: outubro de 2010 (estimado).

Saiba mais no site:
http://www.webmotors.com.br/wmPublicador/Testes_Conteudo.vxlpub?hnid=44311

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